domingo, 5 de setembro de 2010

Resenha crítica - The Truman Show

O controle exercido pelas emissoras de televisão é algo que muitas pessoas sabem e até mesmo não se importam, mesmo com toda a influência que os meios de comunicação exercem sobre nós. Imagine então ser adotado por um canal televisivo, ou seja, ser filho legitimado de uma pessoa jurídica, que dispõe de pátrio poder sobre você, podendo explorar sua vida, sua imagem, sua intimidade e expô-la, vinte e quatro horas por dia para o mundo inteiro.
Tudo isso parece uma ilusão, uma utopia, mas é o que é retratado na ficção pelo filme The Truman Show, no Brasil conhecido como O Show de Truman, o Show da Vida. Tudo na vida de Truman é televisionado, filmado e transmitido ao vivo, desde o seu nascimento até o dia em que ele descobre a verdade. O objetivo dos canais comerciais é a obtenção de renda, de lucros, com patrocinadores e anunciantes. A vida de Truman é utilizada de forma que ele não perceba, seus amigos, sua família, sua esposa, seu emprego, seu carro, sua casa. Nada é dele, nada é real, todos são atores trabalhando em função de personagens, em função da exibição de anúncios. Logo no começo do filme aparecem dois senhores que o pressionam contra uma parede, para que um anúncio apareça com cenário. As pessoas que contracenam com ele, a todo momento, dizem nomes de produtos, de marcas e assim ele faz parte do mais longo anúncio publicitário já conhecido, no ar a mais de 10900 dias, cerca de trinta anos!
Como manter uma pessoa dentro de uma cidade inventada, construída no maior estúdio já criado? Medo. Os programas da falsa emissora de rádio que Truman ouve são desenvolvidos para não lhe estimular o desejo de sair da cidade, a falsa agência de viagens tem cartazes demonstrando como viajar é perigoso, que aviões podem cair e os riscos com o terrorismo.  Seu pai fictício lhe tirado durante uma tempestade em um barco, dessa forma ele teme a água, e, propositadamente, a cidade é uma ilha.
O filme brinca com um tema sério, mas nos faz refletir. A televisão pode controlar seus passos, ditar o modo como se veste, o que fala, o que come. Até pode lhe induzir a votar em um determinado candidato, fazendo com que o controle de uma cidade, de um estado, ou mesmo de todo o país seja realizado por quem os empresários proprietários das emissoras queiram que seja. É necessário que adotemos uma postura crítica, filtrando as informações que são transmitidas, pois nenhum meio de comunicação é dono da verdade. Mas não existe somente uma programação ruim à nossa disposição, por isso o termo filtrar as informações é apropriado, pois precisamos distinguir o que é bom do que não convém. O que é uma notícia séria e o que é uma opinião parcial, voltada para interesses pessoais. É preciso que saibamos enxergar para não passar uma vida inteiramente alienada como o personagem principal de The Truman Show.


Referências
The Truman Show. Paramount Pictures. 1998.
The Truman Show - Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em . Acessado em 03.set.2010.

domingo, 22 de agosto de 2010

Pobre não dá IBOPE


Elisa Samúdio e Mércia são a “bola da vez”, mas só porque são famosas, porque os crimes foram cometidos por famosos, ou por pessoas abastadas. O pobre não dá IBOPE, a não ser que ele cometa um crime contra um rico, e pior ainda se for um rico famoso, nesse caso já está condenado, sem direito a apelação.

Hoje há uma supervalorização do “drama da vez”, como se a população brasileira não quisesse ver outra coisa que não fosse notícia ruim na televisão. Ocorre que ansiamos por notícias boas, necessitamos de alento para a miséria, para nossos próprios problemas, mas, no lugar de nos contentarmos com as coisas boas que acontecem, embora não sejam noticiadas, sentimo-nos felizes com a desgraça alheia, como se a existência de problemas maiores, ou mais explorados amenizasse as nossa próprias dores. Até quando viveremos esse círculo? É necessário um rompimento com os nosso costumes atuais, é necessário que sejamos senhores de nosso próprios destinos e não aceitemos a imposição do meio televisivo. A lei não é cumprida. A constituição brasileira, “em seu artigo 221, e o artigo 3 da legislação da Radiodifusão Brasileira (Decreto n" 52.795/63, apud Duarte, J 990), estabelecem o caráter educacional da produção e programação desse serviço, assinalando que as finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas são prioritárias às finalidades de divertimento, propaganda e publicidade.” (PORTO) , além disso o máximo permitido pela lei, com relação à propaganda, é 25% do tempo disponível. Isso não ocorre, pois a propaganda invadiu o conteúdo dos programas, de forma velada ou notória, fora o tempo específico para ela. O entretenimento, a propaganda e a publicidade são prioridade na TV brasileira, rara é a programação que privilegia o que a lei determina.

Enquanto aceitarmos a palavra da TV como verdade absoluta, apenas o que responsáveis pelas emissoras serão aqueles que orientam a forma de pensarmos. Mudamos nossos hábitos, nossa cultura, em função da TV. Está na hora de mudarmos novamente nossos hábitos, para que possamos negar o que nos impõem, para que os famosos e ricos deixem de ter o primeiro lugar na audiência, para que a educação, a arte, as manifestações culturais possam ter lugar de destaque. Somente assim nossos problemas serão realmente sanados, com a educação de nós mesmos.
BIBLIOGRAFIA:
A TELEVISÃO NA ESCOLA... AFINAL, QUE PEDAGOGIA É ESTA?. Tania Maria Esperon PORTO. Cap. 3 disponível em

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Televisão e brasileiros – uma combinação que tem tudo a ver, ou talvez não.

O documentário Além do Cidadão Kane critica, basicamente, a hegemonia da Rede Globo de Televisão, demonstrando como suas novelas são usadas para prender a atenção do telespectador, quais os critérios adotados em sua programação e a manipulação da realidade pelos seus telejornais, notadamente um compacto do último debate entre os candidatos à presidência do Brasil em 1989, os candidatos “Collor” e “Lula”. Segundo o documentário o candidato Lula teria vencido o debate, mas no compacto exibido apenas 3 dias antes das eleições foram selecionados apenas os trechos que favoreciam o candidato Collor, que acabou vencendo as eleições. Também são ressaltadas as qualidades da propaganda brasileira, onde são exibidos produtos que a maioria da população não tem condições de comprar. Segundo entrevistas exibidas, o Brasil é um país de terceiro mundo mas com marketing de primeiro mundo, tendo, inclusive, diversas campanhas publicitárias premiadas.Esses são apenas alguns detalhes desses dois títulos que todos os brasileiros deveriam assistir. O filme O Quarto Poder pode ser encontrado em locadoras e o documentário, produzido pela BBC de Londres pode ser visto gratuitamente no seguinte endereço: http://video.google.com/videoplay?docid=-570340003958234038#. A Globo, por meio de Ação Judicial, proibiu a veiculação desse documentário em território brasileiro, ainda bem que esse arquivo não está hospedado no nosso país.